Homenagem ao Professor Roberto Machado
Atualizado: 23 de ago. de 2021
Roberto Machado se formou Bacharel em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco (1965), Mestre (1969) e Doutor (!981) em Filosofia pela Université Catholique de Louvain, na Bélgica. Foi ouvinte na Universidade de Heidelberg, no ano letivo 1969-70, fez vários estágios no "Collège de France", sob a orientação de Michel Foucault, entre 1973 e 1980, e Pós-doutorado na Universidade de Paris VIII, com Gilles Deleuze, em 1985-86. Foi professor da UFPb, da PUC/RJ e do Instituto de Medicina Social da UERJ. Foi professor titular aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Atuou como consultor ad hoc do CNPq, da CAPES, da FAPERJ, da FAPESP e coordenador da "Biblioteca de Filosofia" da Graal, da "Biblioteca de Filosofia" da Forense Universitária, e da coleção "Estéticas" da Zahar. Publicou os seguintes livros: Danação da norma. Medicina Social e a constituição da psiquiatria no Brasil (com outros). Rio, Graal, 1978. Ciência e saber. A trajetória da arqueologia de Foucault. Rio, Graal, 1982. Nietzsche e a verdade. Rio, Rocco, 1984; republicação: Rio, Graal, 1999; 2ª edição 2002. Deleuze e a filosofia. Rio, Graal, 1990 (esgotado). Zaratustra, tragédia nietzschiana. Rio, Zahar, 1997; 3ª edição 2001. Foucault, a filosofia e a literatura, Rio, Zahar, 2000; 3ª edição 2005. O nascimento do trágico: de Schiller a Nietzsche, Rio, Zahar, 2006; Foucault, a ciência e o saber, Rio, Zahar, 2006; Deleuze, a arte e a filosofia, Rio, Zahar, 2009. Impressões de Michel Foucault, São Paulo, N-1, 2017. Organizou as seguintes coletâneas: de Michel Foucault, Microfísica do poder. Rio de Janeiro, Graal, 1979, 24ª edição, 2008; de Michel Serres (com Sophie Poirot-Delpech), Hermes, uma filosofia das ciências. Rio de Janeiro, Graal, 1990; Nietzsche e a polêmica sobre O nascimento da tragédia, Rio, Zahar, 2005. Em geral, seus estudos enfocaram os temas do trágico e da racionalidade. Linhas de pesquisa: Estética; Ontologia, História da Filosofia. Pesquisa atual: "Estética e metafísica de Proust.
Para conhecer um pouco sobre o pensamento do professor Roberto Machado, assista a entrevista com ele pela TV UFBA: https://www.youtube.com/watch?v=3n4F47GWJ9E
Compartilhamos aqui o belo texto, escrito pela professora Simone Mainieri Paulon, em homenagem ao professor Roberto Machado, que faleceu na noite de ontem.
Roberto Machado nos deixou hoje e, com sua partida, uma legião de alunes, amigues, tietes, discípules (que ele, como bom nietzschiano, não cultivava, mas tampouco podia evitar) têm mais esta tristeza pra coleção do ano que demora demais em ser tão ruim. Como uma dessas, choro a falta que ele fará. Às saudades que já sentia das mais lindas aulas de filosofia peripatética que pude assistir, soma-se agora a dor de saber que elas não se repetirão. Uma entre as muitas memórias marcantes de nossos cursos me chega como um carinho na alma e queria aqui compartilhá-la como quem compartilha o abraço que gostaríamos de dar ao grande mestre. Roberto há tempos dizia que já chegara ao momento que sua carreira professoral lhe permitia trabalhar onde e quando quisesse, e só aceitaria convites em que apostasse na possibilidade de ter um bom encontro. Tive a sorte de lhe propor uma imersão, com um grupo e num lugar que parecia oferecer esta chance. E com a ajuda de nossa querida amiga em comum, @lilianaescossia, em abril de 2011 tivemos o privilégio de passar os feriados de Páscoa, que incluiam seu aniversário numa 6ª feira Santa, nos canions de Aparados da Serra, Cambará do Sul. Foram 3 dias caminhando literalmente entre as nuvens, enquanto a voz imponente e as mãos magistrais de Roberto nos conduziam por labirintos filosóficos no curso que brincamos chamar de "Aparando Nietzsche". Numa das palestras (sim, em meio a caminhadas, picnics, trutas e vinhos, a hora da aula era preservada com toda sobriedade que o filósofo dedica ao pensamento!), Roberto nos falava sobre a boa morte para um herói grego. E evocando o filósofo que ali nos reunia, ensinou-nos: "Uns morrem cedo demais. Outros tarde. Morra a tempo! Mas só morre a tempo quem vive a tempo". Gratidão, querido mestre, por tanta generosidade até na hora de sua morte.
